sexta-feira, 24 de abril de 2015

Prepotência caseira

No dia 5 de Março, o violador de Santarém, que assustara as mulheres da minha cidade, era transferido para uma cadeia de alta segurança em Lisboa. A imprensa local (e também nacional), apesar de, por alturas do 25 de Abril produzir inúmeras páginas recheadas de lugares comuns sobre a Censura no Estado Novo, procedem de forma bem mais perniciosa, porque manipuladora e sub-reptícia.

Fez-se tabu sobre «o homem», relativamente ao qual apenas interessou a idade, 42 anos, e a nacionalidade, brasileiro, omitindo-se factos relevantes sobre o respectivo empregador. O violador era caseiro da filha de José Eduardo dos Santos, que mora «numa quinta nos arredores da cidade».

Isto não é um fait divers, é notícia! Se os jornalistas não fazem o seu trabalho, com medo dos processos à Proença de Carvalho, faço-o eu.

Portugal morreu. Não passa de um miserável espectro da passada dignidade, a ponto de se venderem consciências numa imperdoável auto-censura do politicamente correcto. A que propósito haveria intocáveis em Portugal? Isso é um péssimo princípio, com o qual discordo.

Devemos a verdade aos nossos irmãos angolanos, que encetaram o processo da sua libertação. Diria mais: a prepotência convive paredes meias com a família presidencial: é por isso natural e quase congénito que engendre violadores de todo o género (à sua margem ou à sua imagem?).

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