sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Dissonância cognitiva

Eis um caso patológico bastante grave, a solicitar a intervenção do psicólogo da nação.

«Não tendo sido realizados (a) 2ª volta das eleições Eleições (...)»

«Foi (ram) agendado (as) para 16 de Março de 2014 novas eleições (...)»

Mas o homem não fez o exame da 4ª Classe? O documento não é extenso, mas enferma de uma grave dissonância em todos os parágrafos. Não acertar nas pessoas certas é, de certa forma, um lapso revelador...

Porque não fala krioulo em vez de assassinar o português?

P.S. Como não há acordo sobre o que seja o crioulo, mais k menos kapa, nunca ninguém lhe poderá dizer que está errado, mas também, sintaxe obriga, fale como deve ser: tem alguma coisa para dizer? ...a não ser vitimizar...

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

PAIGC a nu

O auto-intitulado Presidente ainda em exercício do PAIGC, vem pedir ao Partido «anuência»?

Não está na sua competência enviar a própria candidatura ao Supremo Tribunal?

Deveria esclarecer os cenários: se o Partido recusar prestar a referida anuência, desiste da candidatura, conforme já solicitado pelo candidato DSP, em prol do clima de paz e entendimento?

Todas estas manifestações extemporâneas (de quem já deveria ter percebido, há muito, que foi repudiado pela imensa maioria dos guineenses, continuando a alimentar ilusões despropositadas) não substituem, de forma alguma, a coragem (que o dito nunca terá, como está mais que visto) de desembarcar em Bissau sem olhar às consequências.

Resta saber, não podendo colar o «cromo» do PAIGC ao lado da sua foto, que outro «boneco» vai utilizar nesse espaço... O logotipo da CPLP ou o da PEPSI?

DSP desmarca-se de Cadogo

Desta vez, Domingos Simões Pereira não perdeu tempo, antecipando-se na reacção ao «apoio» de Cadogo à sua candidatura; atitude bastante mais inteligente do que ficar à espera dos comentários, que não deixariam de o acusar de ser um simples peão na estratégia de retorno do ex-Primeiro-Ministro. A factura da autonomia de DSP é uma clara mensagem para Carlos Gomes Junior: neste momento é indesejável, uma verdadeira «carta fora do baralho».

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Forças Armadas uma empresa digna

Em colaboração com os governantes, com o objectivo de dignificar a Guiné-Bissau. Vamos trabalhar!

Declarações pacificadoras do Chefe de Estado Maior, defendendo a manutenção da data prevista para a realização das eleições.

Obrigado, irmão Umaro e GumbeRádio

Galo 3

No estilo do conto do «_mato 7 de uma só vez», uma anedota do Kafumbero lembra-nos que, por vezes, há esclarecimentos necessários.

Igualmente a não perder, acerca da insustentabilidade da situação em Angola, a opinião de Marcolino Moco, no LusoMonitor, sobre o discurso de despedida de Lopo do Nascimento, que foi aplaudido de pé por toda a oposição, no Parlamento (e depois, a custo, pela sua bancada).

Saltar fora do baralho

Cadogo pede, através de carta endereçada ao Secretário-Geral da ONU, que promova, graças aos seus bons ofícios, «todas as medidas necessárias, justas e apropriadas que permitam garantir a segurança» da sua candidatura. Embora nunca o faça de forma explícita (para não cair no ridículo), todo o texto parece partir do pressuposto de que quem manda na Guiné-Bissau são as Nações Unidas, daí se presumindo uma desautorização de facto das autoridades.

Insultar e subestimar os responsáveis pela segurança, no país, não parece, por seu lado, constituir um esforço inteligente para atingir o objectivo a que parece propor-se. O que deseja Cadogo? Um blindado a baptizar Cadogo-Móvel, pintado com as cores da ONU, para as suas deslocações na campanha eleitoral? Um tratamento personalizado? Uma equipa de voluntários que distribuam os seus panfletos, para substituir o aparelho do PAIGC, que lhe vai tirar o tapete?

Não se percebe porque insiste... Lembre-se que o assunto não é novidade nenhuma, que não é a primeira vez que o desclassificado faz este género de diligências, que chegou mesmo a intentar física e pessoalmente, nos corredores da organização, como quando foi bater à porta do SG e foi encaminhado para um sub-secretário de segunda. Cadogo há muito que, na própria ONU, é considerado uma «carta fora do baralho» (expressão do Doka): chato e inconveniente.

Desafio: encontrar rima adequada para

Quem salta fora do baralho
.........................................

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Ali-Ba-ba-banês

Estarei a ficar meio gaguxa?

Voltando ao assunto do Ali libanês, que deu uma grande e actual lição. Em poucas palavras, sentimos o seu suspiro pelas promessas traídas da Primavera árabe, pelas chagas da guerra civil no seu país de origem, cruzado com o sentimento de uma intolerância crescente no Médio-Oriente, propagando-se agora ao coração de África.

O Líbano pagou um elevado tributo, sob a forma de uma guerra civil (por não ter aderido à política sub-regional de hostilização militar de Israel tendo por isso ficado conhecido no mundo árabe como traidor e «cobarde).  No entanto, os soldados libaneses foram os únicos que impuseram uma derrota a Israel, obrigando o seu exército a uma retirada do sul do país que traziam ocupado.

Descendentes dos fenícios, um povo de comerciantes na diáspora, estão habituados, não só a comunicar com todo o mundo, como a instalar-se e a criar «colónias».

Tal como no conhecido conto das mil e uma noites, é preciso, na Guiné-Bissau, quem ajude a dizer as palavras mágicas do «Abre-te sésamo», permitindo descobrir o caminho para as riquezas escondidas debaixo da terra. E esse caminho é o da construtividade, da abertura perante o outro, do amor; não o da intolerância, do ódio, da guerra, do desentendimento, da competição cega e destrutiva por recursos entendidos como escassos e «não renováveis» (devido à pilhagem desenfreada a que dá origem essa perigosa mentalidade)...

Depois de uma série de peripécias, o conto termina com o Ali Baba levando o filho até à gruta, ensinando-lhe o segredo e a utilizar a boa fortuna com moderação, vivendo honradamente e em grande esplendor.

Água do Geba

Li com agrado o apelo à união do irmão libanês, no Progresso Nacional: o que pode unir os guineenses, em prol de uma estabilidade para o desenvolvimento, é de ordem superior à voracidade da ganância individual, que parece ter alimentado os políticos nacionais, desde há muito.

Compreende-se o esforço que deve ter feito o Ali, sabendo que não escreve muito bem o português, para emitir o seu contributo positivo, para participar do momento, comungando do destino do povo guineense. Vale mais o conteúdo que a forma. Um verdadeiro afilhado do chão.

O Ali, forte da experiência traumática do seu país, acusa a mentalidade do «bode expiatório», de empurrar a culpa para os outros, fomentando um constante ambiente de guerra. Aponta essencialmente, como factores de bloqueio, a falta de patriotismo e de valor. Dava um bom slogan:

«Paz, Pátria e Mérito»

PS Tal como os corajosos gauleses da banda desenhada Astérix, que deviam a sua feroz independência do Império Romano, à poção mágica do seu druida (que lhes proporcionava uma força sobrehumana) e ao facto de Obélix ter caído no caldeirão dela quando era pequeno, conservando o seu efeito para toda a vida; também os guineenses podem agradecer a abençoada dádiva desta água, com poderes tais, que afeiçoa quem dela bebe.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Feitiço contra o feiticeiro

O presidente moçambicano Guebuza, cuja desgastada imagem anda pelas ruas da amargura, tentou inverter essa situação, graças à realização de uma marcha de apoio, com forte cobertura mediática. Ver notícia.

Apesar de o partido ter tentado forçar a participação de muitos funcionários públicos, a marcha contou apenas com a participação da família de Guebuza e meia dúzia de apaniguados, beneficiários da sua governação...

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

África central à beira do precipício

Título que faz a primeira página do Le Monde de hoje.

E, perante todas as evidências, a palavra genocídio encheu o vocabulário da ONU e da imprensa francesa. Apesar do apelo do Papa, a sementeira do ódio continua e as suas sequelas não deixarão de estigmatizar o futuro do povo centro-africano (e não só). A FrançAfrique morreu, no coração de África.

No âmbito da CEDEAO, quem sai a perder com esta incapacidade e «falência» demonstrada pelo anterior «modelo» francês, são os presidentes da Costa do Marfim e do Burkina Faso.

Aminata Traoré, ex-Ministra do Mali, pergunta «Por que razão deveríamos agradecer à França?», em entrevista cedida à imprensa senegalesa, hoje publicada.

Talvez à luz dos recentes acontecimentos no Mali, República Centro Africana, Sudão do Sul, se possa valorizar a coesão das Forças Armadas, não só na Guiné-Bissau como no Egipto.

É necessário repensar África. Precipício ou novo princípio?

Conspiração desmascarada

Especialistas americanos concluíram que NÃO foi o Governo sírio que utilizou as armas químicas, em Agosto do ano passado. Lembre-se que, na altura, esse argumento quase serviu para arrastar a «Comunidade Internacional» para uma intervenção. Tal como, aliás, no Iraque, onde as armas proibidas, que serviram de pretexto à agressão estrangeira, nunca foram encontradas...

Na altura, quando questionada sobre as suas fontes de informação, a administração norte-americana referiu que os serviços secretos ingleses e israelitas tinham apresentado elementos «credíveis»... (o presidente Obama tinha afirmado que a utilização de armas químicas era a red line a não ultrapassar, para o regime) pois, pois, ficam agora com a careca a descoberto.

Ver notícia.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Peixeirada russa

Depois de se ter percebido que o cocktail Molotov não era uma bebida; que os russos nem gostam de salada russa; e finalmente, que apreciam bastante o peixe guineense; eis o Ady, para nos fazer rir. Ver Kafumbero.

Fórum África

Vários Presidentes africanos, do sul africano ao queniano, chegaram hoje a Luanda (que vai assumir a presidência da Conferência dos Grandes Lagos, ICGLR, na sigla em inglês) para discutir os casos dos conflitos armados no Sudão do Sul, Repúblicas Centro Africana e Democrática do Congo, que não param de se agravar.

Este evento precede a Cimeira de Adis Abeba, a realizar na semana que vem, com a mesma ordem de trabalhos. Angola continua a assumir um papel de destaque, na coordenação dos esforços africanos para a Paz e Segurança; o défice angolano, em termos de liberdade religiosa, poderá, infelizmente, prejudicar a sua actuação.

Ver notícia.

Legitimidade Ká tem

Há coisas que não mudam. Maneiras de ser. Lembro-me de uma reunião de guineenses há cerca de quinze anos atrás, na qual participou Fernando Ká, já à época dirigente associativo. Já para o fim da guerra, quando estava mais que visto que Nino não se aguentaria sem os senegaleses, tratava-se de convencer o senhor a desistir da agressividade do seu discurso pró-Nino, pois considerava-se que se tratavam de opiniões pessoais e não de uma posição colectiva, ou sequer representativa do sentir da maior parte dos seus associados.


A impressão que me deixou na altura, foi de estar perante uma pessoa convencida, arrogante e intratável.

1) Continuando a apresentar o cartão de visita de dirigente associativo, seria bom que, antes de outras considerações, esclarecesse se fala em nome pessoal, ou da Associação que diz representar; falando em nome da Associação, se está mandatado para isso ou se é por iniciativa própria; estando mandatado para isso, se o projecto de tal incumbência foi discutido inclusivamente.

2) Mesmo que tenha respondido afirmativamente a todas as anteriores, o que lhe permite extrapolar que, para além dessa associação, representa a globalidade da comunidade guineense em Portugal? Posso apresentar-lhe bastantes guineenses que não se reverão na sua unanimização. Bastante poderosa, a lógica indutiva de FeKa = associação = comunidade = povo guineense.

A indignação serve-se quente: porque só agora reage ao caso dos sírios e dos «insultos» ao PR e MNE? 

Porque na altura, estavam por cima, calcavam a Guiné aos seus pés; foi preciso a situação ter-se invertido, para acordar e acorrer em socorro dos coitadinhos dos dirigentes portugueses, tão maltratados pela bandidagem; como bom mercenário, julga que assim terá mais visibilidade e será mais valorizado o seu papel, que lhe ficarão eternamente gratos por lhes ter dado a mão.

Ver artigo de opinião no Público.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Machete dá a mão à palmatória

Quando um «diplomata» diz

1) «Que vai fazer todos os esforços» quer dizer que talvez pense nisso

2) «Que vai envidar esforços» quer dizer que é para esquecer

3) «Que vai fazer alguns esforços» quer dizer que foi obrigado a isso

Veja lá, senhor ministro, não se esforce muito, pode cansar-se.

Obrigado, Progresso Nacional

GALP desmente ruptura

Num artigo do Diário Económico, que se destaca claramente pela afirmação do Direito Privado, a GALP garante que, tal como tem feito de forma contínua no último quarto de século, vai continuar a abastecer regularmente o mercado da Guiné-Bissau: os rumores de ruptura, propagados pelos blogs, tiveram a ver com um atraso na passagem do petroleiro.

Parece estar implícito, de alguma forma, um paralelo com o caso da TAP, podendo a comparação ser interpretada como uma crítica ao «abandono» do país por parte daquela companhia, sujeitando-se a pressões de ordem política, o que pode constituir um mau exemplo e um péssimo precedente. Como diz o ditado: «Negócios, negócios, inimigos à parte».

Rússia: recuperar o prestígio perdido

Leonid Fituni, presidente do Instituto de África da Academia Russa das Ciências, pronunciou-se a propósito do caso do Oleg Naydenov. Segundo o académico, após a queda da União Soviética, vários países se aproveitaram para concorrer nas suas áreas de influência e zonas tradicionais de exploração de recursos, marinhos e não só. Nesse contexto deve ser percebida a intenção (agora que a Rússia recupera e faz um esforço de afirmação) de marginalizar a Rússia por parte de alguns países (leia-se a França), tentando impedir a frota pesqueira russa de voltar às águas da África ocidental.

O responsável pela Agência russa para as Pescas, questionado sobre se iria chamar de volta a frota de cerca de uma dezena de arrastões a operar nessa zona, respondeu que «De forma alguma. [Tal como o Oleg Naydenov...] Estão a pescar de forma legal e com todas as licenças necessárias.»

Ver notícia.

Desilusão em Goa

Em Goa, grassa um «grande desapontamento» com a ausência da equipa de futebol portuguesa nos Jogos da Lusofonia: os goeses são grandes fãs da selecção portuguesa.

Por exemplo, durante o Euro 2004, as suas efusivas comemorações das vitórias portuguesas que se iam celebrando chegaram mesmo a ser consideradas manifestação de «saudosismo», tendo dado origem a retaliações dos radicais hindus contra património cultural português, danificando parte da porta da cidade, onde se encontram inscritas as datas das chegadas das «carreiras» vindas de Lisboa.

Uma pena. Se o Ronaldo tirasse umas férias de dois ou três dias, se metesse num avião e fosse a Goa, assistir a um jogo de futebol, a título particular, daria uma especial alegria a todos os indianos.

Ver notícia de um site goês.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

UE exclui Guiné da Cimeira África

A União Europeia não reconhece as autoridades de Bissau e pretende excluir o país da cimeira União Europeia - África a realizar no princípio de Abril. O anúncio vem logo após o anúncio de uma «intenção» de enviar observadores às eleições. Pretender impor observadores a quem não se reconhece e não se convida, parece arvorar-se numa arrogância intolerável: é partir de um mau princípio, de que são apenas os africanos que precisam dos europeus; e essa é uma visão paternalista, prepotente e completamente errada dos novos desafios que se colocam ao continente, ameaçado por uma onda de violência sem precedentes.

Ver notícia do Expresso.

Papa apela às consciências

O Papa fez hoje um veemente apelo à Comunidade Internacional para que se interesse pela grave situação na República Centro Africana, secundando assim a boa vontade da França, que parece incapaz de lhe por cobro. Mais do que acudir aos fogos que, no actual contexto de sub-desenvolvimento agudo e crónico, não deixarão de continuar a ocorrer, é necessário um novo modelo de cooperação entre os continentes vizinhos, que permita travar essa humilhação e dar uma nota de esperança num futuro melhor.

Os europeus, velhos, ricos e cada vez menos, precisam dos africanos, jovens, pobres e cada vez mais; ao Norte o saber fazer, ao Sul os recursos. A complementaridade pode ser explorada em conjunto, alicerçada no respeito e no mútuo interesse. A República Centro Africana, é, a este propósito, um caso paradigmático dos vícios do «por e dispor» francês no Continente. Lembre-se o envolvimento duvidoso de Giscard d'Estaing, ao ponto de participar numa palhaçada «napoleónica», para logo depois depor Bokassa.

Se, até um certo ponto, a França foi responsável por uma certa estabilidade africana pós-independências (a que convinha aos seus interesses, sobretudo minerais), a que custo de traições, de prepotência neo-colonial e de servilismo africano? Esperemos que não venha a ser necessário pagar esse preço, sob a forma actual de uma espiral de violência avassaladora. A União Europeia não pode fazer ouvidos de mercador: ignorar a questão será muito pior... O espectro de Lampedusa deveria ser suficientemente esclarecedor.

UE oferece os seus serviços

A União Europeia propõe-se enviar observadores para um país cujas autoridades não reconhece? A senhora Catherine Ashton, que ainda há pouco tempo se apressou a denegrir a Guiné-Bissau, a reboque do Governo português, no caso do avião da TAP, deveria ser um pouco mais elegante, na forma como apresenta as suas propostas de voyeuse.

Ver notícia da RTP.

A alta representante da União Europeia para a política externa mal consegue disfarçar que a UE não tem uma política externa; muito menos para África. Os franceses, herdeiros da FrançAfrique, andam à nora e a apanhar bonés, com Hollande, mas já acusaram a «apatia» da Europa quanto às ameaças à segurança global neste continente. Mas como tratá-las?

Depois do Mali, os franceses intervieram na República Centro Africana, e parecem querer conservar algum protagonismo no continente. Mas, tal como Mitterrand, que rapidamente voltou aos velhos métodos da maçonaria, parece que o «etablishment» tenta a todo o custo empurrar Hollande pelo mesmo caminho. Gendarme? Algo tem de mudar na Europa.

Se não fosse a cegueira dos políticos e do «etablishment» português, já teria havido uma cimeira europeia exclusivamente dedicada à definição de uma política comum sustentável com este continente: em vez de entregar todo o «ouro» à França, Portugal tem um importante papel estratégico, neste campo, a desempenhar, num novo e original modelo.

Tal como sugeria o malogrado herói burkinabê (a quem chamavam o Che africano): em vez da malícia da «ajuda ao desenvolvimento», entre outros vícios, sujeita a obscuros interesses e perniciosamente fomentadora da dependência, porque não criar um sistema de pontos, onde os menos corruptos e mais amigos do povo seriam recompensados?

Porque não, de boa fé, em igualdade e fraternidade, ajudar os africanos a conduzirem o seu desenvolvimento sustentável em bases saudáveis e não mais na cupidez e na ganância? Considerem as relações Primavera Árabe, Sudões, Mali, Centro Africana. Se não fizerem algo consistente, é toda essa banda que ficará de costa a costa a ferro e fogo.

Isto num cenário que querem à força empurrar para o choque entre religiões, depois da paranóia securitária e segregacionista dos Estados Unidos pós 11 de Setembro. O perigo da intolerância e das identidades assassinas, neste mundo sem regras, cresce exponencialmente, como tem triste e insistentemente avisado Amin Maalouf, nos seus conhecidos best-sellers.

Há uma percepção simplista ocidental, em relação ao Islão, como um bloco único, mas isso está longe de ser verdade. Os anglo-saxões, ostracizando um Irão avançado, pervertendo equilíbrios, encobrindo uma Arábia Saudita feudal, beneficiaram a intolerância e o radicalismo primário de uma ortodoxia básica e literalista do Islão, com lamentáveis resultados.

À senhora Catherine Ashton, questiona-se porque se mostra tão preocupada com as eleições na Guiné-Bissau, se, por exemplo, com Angola, que é um país bem maior, nem sequer reclamou de não ter sido convidada como «observadora» para as últimas eleições? Onde estão os manuais de normalização de procedimentos, tão caros à anquilosada burocracia europeia?

Escândalo!

A Guiné-Bissau não apresenta equipa de futebol nos Jogos da Lusofonia, em Goa?

Ver notícia no Times of India

Portugal, que teria todo o interesse em utilizar o potencial do seu futebol como embaixador do país na Ásia, não vai estar presente, alegadamente para não incorrer em riscos de paludismo! Julgo que Portugal não se apercebeu bem da janela de oportunidade que lhe lançou a União Indiana. A insensibilidade e incompetência no Palácio das Necessidades são atordoantes.

Cabo Verde também não vai a Goa defender o título; mas o Brasil já confirmou a sua presença.

Gostaria de fazer um apelo aos jogadores de futebol de Angola, Cabo Verde, Portugal e Guiné-Bissau, para mandarem à fava as razões comerciais e insistirem, por sua iniciativa, em participar neste encontro pluricontinental, dando um exemplo identitário de convivência multi-racial. É escandaloso que falem tanto da Lusofonia e de Futebol, com a morte de Eusébio, mas desperdicem oportunidades de ouro para comungar desse espírito.

Mosca 7ZE apela a CR7 para se envolver pessoalmente na Lusofonia! Ou vai desistir com medo de um mosquito?

domingo, 12 de janeiro de 2014

Roubo de arrastão

Este arresto é claramente ilegal, por melhor fundamentadas que sejam as suas razões. O Senegal colocou o carro à frente dos bois, com o Ministro das Pescas a lamentar-se «não ter ainda aprovado legislação que permita o confisco»: quis apresentar serviço, dar um exemplo «dissuasivo», mas o tiro saiu-lhe pela culatra.

O Ministro senegalês pode sentir-se lesado, como sugeriu, por a Guiné-Bissau vender licenças aos seus pescadores artesanais, para depois lhes tirar o peixe do «cesto», vendendo igualmente licenças a grandes navios de pesca industrial. Isso só poderá resolver-se num contexto sub-regional de gestão de recursos.

As autoridades senegalesas deverão utilizar a diplomacia, para sensibilizar o Governo guineense para a conveniência de uma gestão transfronteiriça sustentada; melhor, poderão utilizar para esse fim os mecanismos de integração sub-regional da CEDEAO. Promover litígios com ligeireza não parece boa estratégia.

A Guiné-Bissau não é um feudo do Senegal

O diário senegalês EnQuête parece estar a gerar confusão. Ontem, titulava na sua primeira página: «A Guiné-Bissau rebela-se contra o Senegal». Ora, a Guiné-Bissau não é uma província senegalesa, para se poder rebelar. Cuidado com as palavras, há que manter as distâncias: a Guiné-Bissau é independente.

Será que é a presença de alguns soldados em Bissau que já permite estas liberdades? O acordo para a protecção das águas territoriais, face à ausência de meios, era com a Marinha da Nigéria. Aprisionar navios terceiros nas águas territoriais de um vizinho? Raptar e maltratar guineenses, nas suas próprias águas?

No arsenal deste litígio e na lógica da escalada, como meio de pressionar o Senegal a restituir a liberdade aos guineenses ilegalmente aprisionados na secção militar do porto de Dakar a bordo do Oleg Naydenov, consta ainda a possibilidade da exigência da retirada imediata da componente senegalesa da ECOMIB.

TAP - Há mais de meio século a voar para os PALOP


Um sobrescrito de Primeiro Dia (em inglês FDC), de 1963, para recordação.

À venda por 3,99€. Para comprar.

sábado, 11 de janeiro de 2014

O silêncio do GreenPeace no caso do arrastão russo

O Greenpeace fez apenas um comunicado de ocasião sobre o caso Oleg Naydenov no seu site, afirmando não conhecer os dados do problema e ter tomado conhecimento do caso pela comunicação social, lavando assim as mãos das acusações russas. Depois de expressar preocupação pelo uso excessivo da força, não deu mais sinal nesta história. Decerto o GreenPeace ainda tem na memória o caso do Rainbow Warrior, dinamitado pelos serviços secretos franceses em 1985, tendo morrido no atentado o fotógrafo português Fernando Pereira.

Para manter o rótulo de «luta ambiental», o Ministro das Pescas senegalês e Presidente do Partido Os Verdes, Haidar El-Ali, envolveu a organização Sea Shepherd, a qual, no entanto, ainda não publicitou, no seu site internacional, nem em iniciativas nem na Newsletter, qualquer referência à alegada operação publicitada pela Presidente para a França da organização, Lamya Essemlali. Do mais recente e quinto barco da organização, que já tem nome (de um activista costa-riquenho assassinado em Maio), não foi mostrada qualquer foto...

Carrascalão apoia Xanana

Mário Carrascalão, em entrevista publicada pelo Jornal de Notícias, vem incentivar Xanana Gusmão a continuar na política, face ao anúncio de renúncia deste ao cargo de Primeiro-Ministro.

Para além de Presidente do Partido Social Democrata, Mário Carrascalão é mais que um senador, é um herói da independência, que pagou a sua quota-parte de sangue. Tem por isso toda a legitimidade para pedir a Xanana que avance. Sugere a criação de um Governo de Inclusão, a redução do número de Ministros e a concentração de poderes...

Força na realização dos seus sonhos, grande Comandante!

Animal selvagem!

Mais uma magnífica anedota de pedagogia política, do Ady Teixeira, no Kafumbero, sintonizado na onda Guiné-Bissau!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Enclave de Cabinda

Agora que colocaram em causa o tabu das fronteiras coloniais, em vigor desde o Tratado de Viena, é permitido especular sobre identidades africanas, com legitimidade superior às linhas imaginárias traçadas por europeus a regra e esquadro.

Há unidades naturais de língua e cultura, já para não falar em legitimidade histórica, que se afirmam em identidades poderosas. Da floresta do Maiombe ecoa a vontade de independência, «generalizada entre a população», segundo Raul Tati.

É preciso ser forte, como Gandhi, ou Mandela, para, como o fazem os cabindas, excluírem a opção da luta armada. Talvez a solução esteja, de novo, num protectorado. Só que desta vez, em vez de território, seria um protectorado petrolífero.

José Eduardo dos Santos conservaria o petróleo, concedendo uma independência de facto (poderia chamar-lhe «larga autonomia») ao país. Podia ser um bom acordo...

Habeas barca

Se, em direito marítimo, houvesse uma figura equivalente ao habeas corpus, o Senegal, não apresentando quaisquer acusações, teria de libertar imediatamente o Oleg Naydenov...

O navio foi arrestado em águas da Guiné-Bissau, com marinheiros nacionais a bordo. É um acto grave, de «pirataria» ao nível de Estado, como acusam os responsáveis russos.

Enclave de Casamansa

O barco Aline Sitoe Diatta, que faz a ligação Dakar / Ziguinchor não conseguiu, na Quarta-Feira dia 8 de Janeiro entrar na desembocadura do rio, devido ao mau tempo, que provocou ondas de cerca de três metros e teve de voltar a Dakar. Num artigo do diário Actu24, os jornalistas lembram que este é (quase) o único meio de ligação «trans-gambiana», e que convém comprar os bilhetes com bastante antecedência, para se poder ter a certeza de viajar na data prevista, sobretudo nos períodos de maior afluência.

Os jornalistas recordam ainda que, desde a anterior presidência, está previsto o desaçoreamento do rio Casamansa, desde o porto de Zinguinchor, estabelecendo um canal com 400 metros de largura e 7 de fundo, até ao mar. Essa maior acessibilidade, permitiria igualmente, segundo o artigo, construir estruturas de armazenamento de combustíveis, para servir não só a «região natural» propriamente dita, como também a Guiné-Bissau e a Gâmbia. De facto, essa grande «região», dos grandes rios, é muito mais «natural» e difícil de se negá-lo.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

CPLP defende voo da TAP

O Secretário da CPLP, o moçambicano Murade Murargy, disse à LUSA esperar que a TAP reponha o voo para Bissau:  «Espero que encontrem uma solução definitiva para o problema, que está a prejudicar muita gente. Espero que a TAP também analise bem a situação e encontre uma saída de forma a retomar os voos».

Coruche, chi, credo!

Meia dúzia de milhar de quilómetros, várias fronteiras, imensas portagens informais. Este o percurso de uma caravana de material humanitário, que partiu de Portugal no dia seguinte ao Natal.

Chegaram a Bissau sãos e salvos, decerto graças à protecção de Nossa Senhora do Castelo, da antiquíssima capela de Coruche - fundada por Afonso Henriques - a qual tem um largo reportório de fotografias tipo passe da altura da Guerra Colonial, que as mães, namoradas, madrinhas de guerra, lá deixavam ou para lá enviavam, esperando assim invocar a protecção da respectiva padroeira; o facto é que, segundo a tradição, fosse por coincidência ou erro estatístico (ou milagre, propriamente dito), não morreu (na Guerra, presuma-se) nenhum dos homens (são centenas e centenas de fotos) à sua guarda.

Com outro tanto para lá, faz uma dúzia x 1000Km. Parabéns aos Desert Chalengers! E ao anfitrião Pepito!

Foi bonita a festa, pá.

Mal vindo

A proposta da CPLP de enviar um representante para Bissau não é benvinda. Embora se possa apreciar, a título privado, a figura do brasileiro nomeado para essa função, que desperta alguma simpatia, talvez devesse ter pensado duas vezes antes de aceitar tão pesado fardo. Por mais boa vontade que Carlos Moura se proponha, deveria ter começado por rever o contexto e expectativas inerentes à sua nomeação.

Com que legitimidade a CPLP «nomeia» um representante para um país cujas autoridades não reconhece? É, no mínimo, um abuso de confiança, para não ter de falar em provocação. O senhor Carlos Moura deverá começar o seu trabalho antes da viagem (que será bastante prolongada, agradeça ao MNE português), tendo muito cuidado com a sua acreditação e pedido de visto, à chegada ao aeroporto de Bissau.

É inaceitável que se imponham como convidados, sem que haja uma revisão séria e consentânea, do posicionamento da organização quanto à suspensão da Guiné-Bissau por motivos políticos. Natural que o país esteja não grato a iniciativas feitas nas suas costas, sem o seu envolvimento, em assuntos que lhe dizem directamente respeito. Resolvam isso, antes das eleições, como sugere o anónimo publicado pelo Doka, dando um passo de esperança; se não, mandem os representantes depois e apenas se forem convidados.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Bissaulhos

Rui Machete, cada vez que abre a boca, piora o seu caso.

Voltou, uma vez mais, a misturar alhos com bugalhos, elucidando-nos acerca da sua má-fé. 

No final de uma visita à sede da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em Lisboa, face à pressão dos jornalistas questionando-o sobre quando seriam retomadas as ligações com Bissau, afirmou: 

«o Estado português já disse quais eram as condições que entendia necessárias para que a segurança fosse garantida», acrescentando que «existe um Governo de facto na Guiné, que não é reconhecido por Portugal nem por muitos países».

Que não era reconhecido, não é novidade nenhuma, agora que o Governo faça chantagem política utilizando como joguete várias comunidades do espaço lusófono (portugueses em Bissau e guineenses em Lisboa), não se compreende, a não ser no contexto da promoção de um clima de crispação e de tensão, claramente oposto às suas declarações formais.

ver notícia

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Crise alastra ao Norte

O Presidente do Sudão visitou hoje Juba, num sinal de apoio ao presidente do Sul. Os inimigos de ontem refazem alianças para desalojar os «rebeldes» dos campos petrolíferos. Jogada perigosa: foi como mediador, sob os auspícios da UA, e acaba tomando o partido do petróleo...

http://www.africa24monde.com/faits%20divers.php?article=b056eglrstv1267c026ehjoquvwy12